
CAIO BORGES, Carlos Alberto Borges nascido em 1958, Içara – Santa Catarina, começou sua busca pela arte bem cedo desenhando e pintando – duas boas ferramentas nas mãos inquietas de um curioso e bem dotado jovem para criar e se divertir. Esta aura de prazer e diversão paira até hoje em suas criações gerando criatividade e dando asas à expressão. O trabalho transparece esta jovialidade em muitos elementos e o que era um campo descompromissado se tornou seu verdadeiro lugar de trabalho. A natureza foi bondosa e generosa com sua juventude permitindo que fosse criativa e produtiva e assim à idade de vinte anos este self-made artista começou a mostrar ao mundo o fruto colorido de sua singular idéia de pintar e esculpir – um jardim de maravilhas e beleza.
E a busca continua... Novos horizontes, Rio de Janeiro pareceu o lugar ideal onde algumas habilidades poderiam ser lapidadas; em 1978 freqüentou o estúdio de Maria Faro fazendo cerâmica e escultura. Ficou no Rio por três anos e durante este frutífero tempo participou de várias coletivas e ganhou o prêmio Artista de Barro do ano 1981. De volta a seu estado continuou suas atividades com cerâmica criando com alguns colegas um estúdio de cerâmica onde ensinou por um tempo, esta rica fase culminou com a construção de seu próprio estúdio a 25 km de Florianópolis – Tagará, uma área de natureza selvagem com cachoeiras que descem as encostas fazendo muito barulho – lugar ideal para viver e criar. E lá viveu e trabalhou o artista por vários anos deixando para traz algumas benesses da capital. O artista renasce com tanta proximidade com a natureza e o que segue são alguns anos de desenho e ilustração de moda, criou algumas belas linhas de padronagens para indústrias de confecção.
Concreto, gesso e resina materializaram a criação do artista na fase que seguiu, o que deu mais massa ao trabalho. Ano mais tarde 87-88 o artista participou do Estúdio Coletivo de Florianópolis onde com a parceria de alguns artistas montam algumas coletivas e ele próprio algumas individuais no Brasil e no exterior. Pronto para mais um renascimento o artista vai a Europa para ver de perto como a arte renasceu por lá. Quantas vezes um ser tem que renascer para se tornar um artista?.... Trabalho e mais trabalho é o que realmente leva a uma aproximação maior com a criação.
Hoje, o artista se divide entre os estúdios das duas residências onde passa horas a fio entre cerâmica e pincéis - meio isolados do glamour do mundo da arte ele brinca que seu glamour é sua produção - mais de 5.000 trabalhos. A casa de São José, no centro histórico da cidade, onde vive com sua esposa Déia e filhas Vitória e Verônica foi recentemente reformada para aumentar o estúdio e acervo, a de Tagará tem amplas varandas acondicionadas para trabalhos de grande porte. O artista comenta que é sua escolha trabalhar com galerias, podendo assim concentrar no trabalho. E continua dizendo que o único se não é quando uma fase tem uma boa receptividade, eles querem que o artista mantenha aquela mesma linha. Criatividade é um arco-íris de cores e materiais quase meio incontrolável pelo artista. A residência da cidade é no centro histórico de São José o lado continental da ilha de Florianópolis – a bela capital do estado – é nesta casa que a maior parte das pinturas é criada. Estocadas de todas as formas – obras de todos os tamanhos, algumas apoiadas á grandes cavaletes e um grande número de telas soltas enroladas como tapetes e empilhadas as dezenas. Caminhando pelo estúdio a gente tem a impressão de estar sendo seguido pelas dezenas de olhos de suas figuras – tão envolvidas umas com as outras e o que rodeia. São olhos que contam estórias, sorriem, amam e questionam, perpetuados pelo toque de leveza e bondade do artista em cada olhar. Quando a vida na cidade se torna barulhenta o artista sente que é hora de se retirar para Tangará e continuar sua lida diária. Uma boa parte da estrada para o sítio é de terra e o cheiro do barro traz aquela vontade de sempre – chegando ao sítio o artista logo começa amassar um bom pedaço de barro que aos poucos vai se tornando mais uma obra, aquietando as mãos criadoras.
O artista gosta muito que sua obra tenha agradado ao público brasileiro da forma que tem sido nestes últimos anos, algo que lhe garante um lugar especial entre seletos artistas. Operários da arte raramente sabem onde suas obras podem ir, elas cruzam fronteiras e atravessam oceanos para encantar olhos e mentes de amantes de arte ande quer que elas aportem. Certamente o que leva uma obra de arte para longe de seu lugar de origem é o fato dela ser única e a beleza que porta. Uma vida inteira pintando e esculpindo não somente aparelha o artista com técnicas própias e especiais providas pela prática, mas também lhe concede o glorioso dote de ter seu tom pessoal em cada traço de pincel ou trabalho de arte que ele crie - e as obras foram e levaram o........ As próximas amostras serão na Rússia e Grécia, num momento muito oportuno de maturidade técnica e produção criativa.